Pois eis que na minha frente pairam brasas de fogo, duas esferas pequenas tão reluzentes quanto o sol. Meu corpo tremendo intensamente, a bravura se vai e o medo é minha corrente. Novamente o som ecoa, e um farfalhar de asas, é um anjo, mas não é branco e nem brilha, não é um anjo nem mesmo uma maravilha. Um demônio talvez. A voz diz com tom valente. Porque teme que eu entre em tua mente? Maldito medo que me toma por inteiro... Aquele ser não chega a se identificar e antes que eu piscasse, esvaíra-se do meu olhar. Nem mais corpo nem cutucar. Estaria eu prestes a surtar?
É então que recobro a razão e os movimentos do meu corpo. Fui testado e fracassei, testado para que e porque eu não sei. Ainda chove bem forte, parece que nunca vai parar. Nos céus os raios começam a se chocar. Um espetáculo pavoroso da natureza. Espalha o pânico e avareza. E como se fosse tudo normal, pessoas começam a sair... Dentre as várias que vejo, um rosto me é familiar. O rosto que não consigo me lembrar. Mas meu coração bate forte, ou bateria, se vivo eu estivesse, quem me dera ter essa sorte. Uma mulher que mais parece um desenho. Em meio a trevas um sorriso brota de seu rosto. Em meio a escuridão uma luz invade meu peito, e por um instante sinto como se batesse meu coração. Sei exatamente quem é ela. Esta mulher é aquele que em outra vida amei, mas não tive coragem de lhe contar. Esta mulher é aquela que eu teimo em me aproximar. Seu nome... é... não consigo me lembrar, mas aquele colar no sue peito, Aquele 'B' de prata deve ser uma inicial. Talvez sua, talvez não... Codinome 'B' é como devo lhe chamar.
Dores no corpo, uma sensação estranha. Se estou morto como posso sentir alguma coisa? Novamente um cutucar, um estampido que posso ouvir, provindo de meu peito. É de fato meu coração. Algo reativa minha vida. Algo que não posso explicar. Quanto mais me aproximo de 'B', mais vulnerável posso me tornar.
No ar posso sentir seu perfume, que aroma delicioso, não ei de esquecer, e tornarei a procurar. Não importa onde vás, eu saberei te encontrar.
Logo a chuva cessa, as nuvens começam a se desfazer. Os raios não mais são visíveis, mas o som dos trovões ainda ecoa. Não sinto sono ou pesar, não sinto cansaço, mas sei que devo me abrigar. Já é tarde... Vejo um prédio abandonado, condenado a demolição. Não há lugar melhor para esconder esta abominação. Um ser sem alma, um homem mascarado.
Continua...

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