segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A parte mascarada

Ainda que asas me fossem concebidas, ainda assim não seria eu um anjo. Longe disso, talvez um demônio, mas não um seguidor do obscuro ao qual todos temem. Um demônio diferente. Um em forma de gente. Aquela que te toma o coração, e em fração de segundos o despedaça no chão. 

21 de Fevereiro, 14 horas e 9 minutos.

O sol é escaldante, os raios que dele provém ferem minha alva pele, torturam minhas retinas. Já não sou da luz há muito tempo. Já não vivo esse momento. Ando por ai, esgueirando-me de beco em beco. Vejo pessoas assustadas, pessoas preocupadas. Me olham com pavor. E deveriam, Vêm apenas uma máscara, nenhum rosto, nenhum som. Um sobretudo negro num calor infernal. Minha cidade é tão bela, mas o calor que aqui emana, é descomunal. 

Caminhando a passos largos. Sou andarilho do dia e senhor da noite. Não há lugar para sono. Não nesta pós-vida. Ouço passos se aproximando. Sequer me interessei em olhar. Virando a esquina sumirei, e teus olhos não irão me encontrar.

Um som estrondoso. A voz de um policial. A máscara o assusta e traz pânico a todos, um louco, um sádico, o que devem pensar? Não me cabe tal afronta, não me fiz amedrontar. Parei em sua frente. Me virei sem pestanejar. Sua reação é energia a qual vou me emaranhar. Uma cara aparvalhada de um homem da lei. Vislumbrando um desalmado que se encontra mascarado.

- Senhor, a máscara... Podes retirar? Diz o oficial da lei com a arma empunhada... Minha identidade ameaçada. Uma face a qual devo preservar. E como resposta lhe digo... - Vá embora e não torne a incomodar! Pobre homem, começou a tremer, e tentou me assustar, engatilhando seu revólver, só conseguiu me irritar.

Não sou fora da lei, mas a mim ela não se aplica. Não sou bandido de quinta, sou a besta que te alucina. Os teus sonhos roubarei, pobre e tolo homem da lei. Tua alma vou ceifar, mas tua vida irei poupar. O homem dispara, mas o que pode ferir senão a carne. Então passo a me mover, sua alma vou comer. Em questão de segundos, 8 disparos. Em questão de segundos, um mascarado ao chão. O homem vem verificar se minha vida pode retirar. E quando bem perto se inclina, sua mente se alucina. Não é um corpo. Apenas um sobretudo em cima do lixo. Onde estaria o mascarado? Pobre coitado. Seu pescoço foi ceifado. Uma vida se foi, uma alma perdida. Nenhuma pessoa arrependida.

Sou assim, um homem sem coração, a procura de você. A razão do meu viver. E vivo após a morte, cada dia a esperar, o momento oportuno que irei te encurralar. Eu preciso de minh'alma pra bater meu coração. Eu preciso ter de volta... minha doce emoção.

Como vos disse anteriormente caro leitor, um dia fui apenas todo amor. Mas hoje sou vazio. Sem esperança ou sentimento. Hoje vivo pelas ruas, esperando o momento. No que deves acreditar, não irei lhe indicar. Seu caminho a tomar, em um pesadelo vou mostrar. Espera até mais tarde e irei te encontrar.



Continua...

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