Domingo, 20 de fevereiro. 21 horas e 59 minutos.
Nesse exato momento renasce um ser há muito esquecido. Um ser das sombras que vivera adormecido. Um ser cujo propósito em vida fora amar. Cuja vida agora se resume a assombrar. Desprovido de alma ou qualquer sentimento, pronto para trazer apenas caos e tormento. Um mascarado, um Desalmado. Venho vos dizer que não sou mau, apenas sigo meus instintos. E os atos que por ventura cometo, não são praticados por mim, mas pela máscara que oculta o horror de minha face. A face não vista por fora, mas a interior. A alma. A qual não habita estas entranhas.
Chove forte lá fora. Os raios rasgam a escuridão, atravessando a imensidão do céu. Os trovões bradam alto. Chove sem cessar. Para proteger meu corpo da gélida chuva, apenas minhas roupas negras, um sobretudo de couro reluzente e um coturno de borracha estilo militar. Mas para que tanto, se o gélido toque da chuva não pode alcançar o íntimo de meu coração, quem dirá esfriar minha alma.
Tenho sede. Sede de sangue. Não sou um vampiro famigerado, não sou uma dessas fábulas. Apenas um homem normal, apenas mais um de vós. A diferença entre nós é que já tive um coração e uma alma. Já fui um dentre os milhares rostos de celebridades. Hoje você não vê nada, além do que lhe permito ver, e não imagina mais do que te faço pensar. A sede de sangue é também necessidade de vingança, metáforas, escolha o que preferir, a verdade e que não vou lhe sugerir um termo ou uma razão. Te passarei o que me resta de emoção.
Razão é sentimento de culpa, sentimentos são sensações abruptas que já não possuo. Desejo me vingar. Não de você, nobre leitor, não de uma mulher, tampouco de todas. Quero me vingar de um mundo cujos sonhos me arrancou. Um mundo que jamais me perdoou. Errei tanto quanto todos vós. Errei em vida muito mais. Após a morte o que não tive foi a paz.
Mas enfim renasci. Cabelos escuros. chacoalham com o vento. A tempestade é a orquestra fúnebre da minha vida. A minha morte. Voltei como arauto. Não seifarei tua vida, mas todas as tuas alegrias, tomarei a força os teus sonhos...
Valoroso mundo, me aguarde. Reescreverei tua história, enquanto caminho pelas ruas. Na noite mais sombria e escura, estarei eu. Clichê de um perdido. Sou um Desalmado arrependido. Um homem mascarado. Quem me dera ser alado.
Continua...
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