terça-feira, 10 de maio de 2011

Expondo-me a perder....

Pois eis que novamente cá estou. Prostrado diante de ti sem nada a declarar. Não fui capaz de lutar o quanto deveria. Em vida, não fui capaz de ser tua companhia. E hoje derramo estas lágrimas de sangue. A face que não te mostrarei está novamente hidratada. Com dor e sangue. Meu sangue. É o néctar de meu coração. O pouco que habitava este corpo. Aquilo que ainda me humanizava. Deixei esvair quando acreditei em tolas palavras. Em que mundo eu te teria? A moça branca com a pele mais alva, cabelos negros como a noite.

A guerra se aproxima. O lado que devo tomar já não sei. Porque me envolveria. Sou andarilho perdido, não quero um lado, sou apenas um desalmado. Um tolo arrependido, um mascarado. Mas não me arrependo de ter dito a ela, aquela a quem amei com a mais profunda força, a que brota de meu coração, proveniente de minha alma. Ter-lhe dito que sempre estive ao seu lado, e que morri sendo seu.

E já no fim de minha vida, um juramento lhe fiz, que não mais voltaria a lhe profanar palavras tolas de sentimento com amor, que nem mesmo mostraria minha dor. Por isso a mascara. Ela é quem eu sou, oculta quem eu fui. Me dá forças pra ser quem eu preciso ser. Eu não sou hoje, metade do que seria ao teu lado. Donzela amada.

Mas a dor de não ter o teu amor, me faz seguir em frente. Já não posso me dar ao luxo de morrer, pois vivo não estou. Desde que te perdi, foi-se embora o brilho desta alma, seifada pelo emissário do submundo. Habita corpo vazio esta terra de zumbis. Os seres que aqui vivem, não tem a força de outrora. Os exércitos do mal se apoderam destes fracassados. Seres rodeados de mentira. Presos com cadeados. Não sabem da verdade. Não conhecem liberdade. Os poucos que restam, aqueles que vivem um amor incondicional, são tratados como escória, como o lixo universal. O que houve com meu mundo, porque é tão banal?

Enfim me decidi. Sei a onde devo ir. Vou buscar minha fraqueza e superá-la, para ter a força de trazer a este plano a riqueza. De espírito e compaixão. Lembranças de um velho amigo, de outra vida... Desta não.

É madrugada. Pareço ter hibernado, quanto tempo fiquei desacordado? Tive sonhos esquisitos, misturados com lembranças de outros tempos. Uma vida que nem sei se fora minha. Estou coberto de poeira. Pouco me lembro do ocorrido. Lembro de Salatiel, o anjo caído, e de um exército do mal, o qual eu deveria comandar. Um exército ao qual neguei me juntar. A fera provoquei, e em profundo sono eu entrei. Como foi que apaguei?

Respostas, cada vez necessito de mais respostas... é só há um lugar onde posso achar. Com aquela mulher, a que me faz fraquejar. Sinto ainda o seu cheiro, é forte e sedutor. Um aroma encantador. Mas quanto mais me aproximo, mais longe pareço estar. Que magia é esta que está a nos separar? Seria ela uma bruxa? Ou a aproximação condenável? Seria eu um monstro? Somente na sua imaginação. O que escondo não são cicatrizes de batalhas. São feridas do coração.













Continua